quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Calor de pedra de cantaria

Autor: Walter Sá

É com o calor escaldante das pedras de cantaria, das calçadas e ruas desertas, logo após a chuva tropical de todas as tardes, que aqueço coração e alma, livrando-me do peso da sua ausência, inalando o aroma quente que exala da terra molhada,

Presença inegável da natureza, que invade meus sentidos, embriagando-me de outros prazeres, longe da vontade de sua companhia.

Mato, areia, mar e sol
Chuva, riso, amor e lençol
De pouco ao muito, sem pressa
Sem muito papo, nem conversa

Só com o olhar, dizer o que resta
Lembrar de você, só na hora certa
Afinal, o passado nem volta, nem interessa.

É com o calor escaldante das pedras de cantaria que cantarás
Outros desejos, que violará meus selos, de amor antigo.
Nas calçadas e ruas desertas da cidade envelhecida, nos muros de imagens desgastadas de cartazes,
De filmes que não vi, assim será mais vivo na lembrança, assim será mais leve na distância.

Amar somente o que posso ter entre os dentes,
Somente o que posso sentir, o calor ardente das pedras,
Dos cantos das ruas quentes e desertas de sentidos.
Amar somente de longe, porque de perto é indevido.

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