quarta-feira, 28 de março de 2012

Ah! o inverno, quando a alma silencia

Autor: Walter Sá

Quando a alma silencia e tudo muda de cor,
Os tons cinza são a paisagem real.
Não é dor, mas algum tipo de torpor,
Quando ouço Chet Baker, lembrando do amor

Quero novamente o sabor do licor quente,
Que escorre entre seus dentes,
Aquecendo a minha boca,
Inflamando minha tocha.

Ah! Sem você por perto,
É frio demais o inverno.
Vem logo, não me deixe
Assim, sem teu calor, eu congelo.

Um vinho, entre os braços, um beijo
Hoje de noite te espero.
Vem ficar comigo, antes que eu mande tudo
Para o Inferno.

Quero você de novo

Autor: Walter Sá

Chega assim caladinha,
De madrugada, bem cedinho, a
Saudade de você.

O calor do teu corpo encaixado,
Aquecendo a cama, por um
Instante segura, a alma entregue,
O coração nas alturas do amor,
Felicidade

Quero você de novo,
Um novo tom, sem pressa
Para que a gente não se atropele.
Só quero o mesmo cheiro de pele,
Tua nuca na minha boca, tua boca a
Dizer coisas loucas,
Embaixo do meu edredom.

terça-feira, 27 de março de 2012

Algemas de gelo

Autor: Walter Sá

Como borboletas em redomas de vidro
Imóveis a mostrar somente o colorido
Ali, sem brilho,
Sem bater de asas
Sem vôo vívido.

Eu parado, calado fico,
Insone andarilho em pensamentos
Perdidos, coleciono sentimentos
Esquecidos

Conquistador de mundos caídos,
No solitário reino de um Rei vencido
Preso por algemas de gelo,
No teu coração frio.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Nosso olhar

Autor: Walter Sá

Teu olho,
Meu olhar,
Será o olho, nosso olhar,
A língua sem falar coisas,
Que só o silêncio dirá?

Teu olho me olha,
Meu olhar molha, quando ver você me
Olhar

Ao te ver passar, passo o olho
No teu olho, que me olha
Sem cessar

Meu olhar, teu olho,
Que molha quando me ver
Passar.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Na noite calada

Autor: Walter Sá

Nessa cidade cinza cimento,
Sinto o fedor de um desejo mofado,
Sinto o tormento de homens desesperados
E tento colorir com sorriso amarelo,
O caos do momento ignorado.

Prédios, muros e congestionamentos
São impregnados de frieza,
São elementos da tristeza.

Respiro os canos de descargas,
Mastigo restos das calçadas,
Durmo o sono dos aflitos e me
Lavo com o suor dos renegados

Assim, descalço e despido do disfarce diário
Vagando pelas alturas da Paulista
Ou nos buracos do Vale
Descubro as pistas que levam essa
Cidade arrogante aos caprichos
Da usura e do descaso

Vejo políticos, fardados, banqueiros engravatados
Sob o mesmo telhado
Fazendo alianças e comendo
Nosso rabo

Na hora da desforra
Sem medo da algazarra
Festejaremos ao nosso modo
Invadindo as ruas e suas salas
Levando alforria a esse povo
Que chora e morre um pouco todo dia
No frio da noite calada.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Tentando ouvir estrelas

Autor: Walter Sá Foi tentando ouvir estrelas, buscando respostas concretas, Que escutei o silêncio das palavras inexatas. Foi gritando para o Universo, A voz do meu amor, Que calei diante do precipício da dor. Você não me viu, não ouviu, não sorriu e partiu Foi de longe, que permaneci atento Observando, distância e esquecimento Um dia, um ano, um tempo, não sei ao certo Quanto passou. Falaram as estrelas, cala-te e viva outro perigo, encara outro risco sem temor.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Qualquer uma delas

Autor: Walter Sá

Desde a primeira Eva
Até hoje, ela frutifica humanidade.
Brotamos de entranhas vermelhas
Nós Homens, pura fragilidade.

Há quem diga o contrário,
Que é do macho
Força, luta e coragem,
Mas na verdade é ela
Quem se entrega e se doa
Por inteira, nessa viagem.

Do nascimento à morte,
A mulher, além de criar
Mundos, é também
Linda Paisagem.

A virgem imaculada,
A louca desvairada,
A mãe dedicada,
A puta condenada,
A beata frígida, calada
A menina bulinada,
A garota da escola,
A eterna namorada,
A que nunca me deu bola,
A amiga, até debaixo d'água,
A que topa qualquer parada.

Todas ou qualquer uma delas,
Cada qual uma tela com
Suas cores intensas e belas
Delírio e desejo,
Aos olhos de quem as
Venera.