terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mataram o amor

Autor: Walter Sá

Foi com bala de 38
Com a força da ira dos loucos
Morto aos pontapés e socos
O meu amor por você

Foi cilada armada
Na Imprevisível estrada
Bem na encruzilhada do azar
Com a sorte

O corpo foi deixado caído
Desovado no mato das ilusões
No desterro do desespero
Presentes estavam o descaso e o escárnio
Que foram os coveiros

Agora pelo esquecimento
Vencido não é lembrado nem
No dia do nascimento nem no dia
Do crime ocorrido

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ao fenecer a paixão

Autor: Walter Sá


Ao fenecer, a paixão
Traz consigo uma dor
Aguda e profunda
Ou um eterno torpor.

Isso, só alivia
Pelo menos anestesia
Quando revejo no erro
Do meu desejo,
A tortura de um amor
Indeferido.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

No miolo do novelo

Autor: Walter Sá

Tive um sonho estranho
Não, não era pesadelo
Parecia eu um novelo, me desfazendo
Em pêlos

Enquanto eu me descabelava,
Aparecia o couro e o nervo
Na hora do escalpo,
Uma voz dizia
Adeus

E no final, já careca de saber
De sobressalto acordei
Ao espelho e percebi a escolha

Ainda bem, que foram só os cabelos
E no miolo do novelo,
Eu de novo,
Apêlo

Une liqueur amer

Auteur: Walter Sá

J’ai une liqueur amer
Dans ma bouche qui me rappelle
De mauvais sentiments à chaque fois
Que je te vois

Je ne veux pas payer ce haut prix
et n’avoir pas ton attention
Je ne crois plus rendre ton amour
Donc je vais laisser la vie te montrer
La valeur de l’amour infidèle
Et je vais partir avec mon coeur solitaire

Quand tu cherchera la paix
Et retrouvera seulement le doute
Il y aura juste la même saveur amer dans ta
Bouche comme un souvenir du temps et
De l'amour que tu m’as nié.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Domingo no MASP

Autor: Walter Sá

Era voodoo gente que transa e goza
A tarde estava blue
O som que tocava não importava
Coração que se acelera com tua chegada
Eu estava ali parado
Desenhando num pedaço de tábua

A bruxa estava solta e sem vassoura
Nem capa preta
Parou na minha frente e me falou
Certeira

“Saia daqui vai para longe fazer arte
Você tem luz e não precisa daquilo que de você
Não faz parte

Siga saiba
Sua sorte será ser
Seu senhor e servi só a si
Seus sonhos seus sinônimos”

Boca aberta
Eu e minha crença incerta ouvimos
A voz do mistério por intermédio
De uma senhora que se dizia zeladora de arte
Do vão vazio
Foi assim a tarde domingo no MASP

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Nas entrelinhas das mãos

Autor: Walter Sá

Sobre o branco do papel
Com nanquim tinta bic ou tecla pixel
Eu deixo em desenhos e versos
A poesia freak que está em mim
Entre aspas e pontos de fuga
Digo o que sinto e como exato míssel
Falo de paixões de amores de dores
E desafetos
Ainda que isso fuja ao controle
Nas entrelinhas das mãos
É tudo que desponta em palavra
O desenho possível da letra-objeto

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Corpo frio

Autor: Walter Sá

Seu silêncio cortou
Em verticais os
Meus pulsos

Sangrei jorros livrando-me da dor
Esvaziando o corpo do calor
Que emana do amor mais profundo

Corpo frio sem alma
Sob a lápide gelada do
Esquecimento sepultei
Angústia e Esperança

Ouvindo da lembrança palavras
De consolo e lamento
Na imensidão do silêncio
Chegou o Fim

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Dei de cara com a verdade

Autor: Walter Sá

Acordei com o pé esquerdo e levantei
Contradizendo a superstição
Em vez de azar foi sorte
Dei de cara com a verdade
Que sem cerimônias me chamou pra razão

Não adianta zêlo carinho nem preocupação
Amor demais é daninho sufoca
Vira pedra no sapato ou espinho
Machucando o coração

Segue na direção que seu coração diz
Abra champagne com amigos fica solto
Fica leve e leva a vida feliz
Sem perceber às vezes o amor está em baixo
Do seu nariz

Solta a franga dá um grito rasga a tanga
Mas não deixa a tristeza invadir a cena senão
Tudo vira um drama
Você não vai encantar ninguém
E acabará sozinho na cama.