quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Atropelamento

Autor: Walter Sá

O passo era rápido,
O compasso também, do meu coração.
Um breve segundo bastou para ver tudo
Ir para o espaço, em seguida, sangue cálido, nas mãos

O chão foi pouco para o salto
Alto, grito seco, na multidão.
Não foi bala, nem susto,
Apenas um carro sem direção.

Vi seu corpo, alí, inerte,
Sem pulso e respiração.
Agora, só lamento, choro,
Cova e caixão.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Haikai do medo

Autor: Walter Sá

Se você não fala
Cala a vontade
Da voz
Nasce o medo
Mudo o verbo morre
Veloz

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ah! O que me importa

Autor: Walter Sá

Ah! O que me importa tua casa fechada,
A tua fala calada, a faca cega ou amolada
Com que cortas a voz das palavras que digo.

Ah! O que me importa saber que há outra porta,
Que leva ao acaso, um novo perigo.

O que me vale são os silêncios, os hiatos,
Às vezes, o tal ato falho da tua boca aflita, que sussurra
Sozinha os versos de amor, que te ofertei.

Ah! O que me vale são os risos, o brilho no olhar,
As pernas enroscadas, o cheiro de pele, o gosto do sexo,
Que nunca esquecerei.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A indiferença do corvo

Autor: Walter Sá

Um passarinho verde me contou que a
Passarada vai passar colorindo e cantarolando
Cantos raros para te anunciar.

Sabiá vem pra cá! Canário já chegou e amarelou, mas cantou para você.
Curupaco-papaco papagaio-verde se pronunciou e falando sem parar,
Disse coisas guardadas nas gaiolas da saudade,
Enquanto isso, outro passarinho, eu ouvi cantar,
Um bem-te-vi repetindo que sim, que sim, que sim,
Eu quero você perto de mim.

Não faltou cantor para cantar a alegria de te ver
Chegar, nem pintassilgos, nem pavões, na sala de estar.
Não faltou nem os sem canto como urubu ou condor, sentimos
Falta de Dodô.

Mas, foi quando você entrou em cena,
Que todos os presentes o reverenciaram em coro.
És tão lindo, és  tão formoso, mais que a Fênix, és glorioso!
Apenas o Corvo, sombrio, pousado em seu galho torto, não piou!
Olhou, fixamente, nos seus olhos, com ar de indiferença,
Bateu asas e voou.

Pour comprendre ton regard

Auteur: Walter Sá

Pour comprendre ton regard
J’ai voulu voir la couleur
Des yeux de Dieu

J’ai imaginé mille couleurs
Mais aucune de la couleur
Des tiens

J’ai recherché dans les fleurs
Dans le plumes des oiseaux
Dans le bleu des mers
Dans les mille tons de vert
Mais je n’ai pas trouvé
Ni couleur ni cela que
J’ai toujours recherché

Voir tes yeux en souriant
Dans les miens et
Voir l’éclat de la lumière
De cette joie refletant
Les tiens

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Un rêve bleu

Auteur: Walter Sá

J’ai eu un rêve bleu
Dans la mère Il y avait un petit
Bateau et dedans nous deux

La lumière de la lune
L’illuminait tout autour
Et nôtre bonheur n’était pas
Éphémère

Comme un clin d’oeil
Je me suis reveillé
Et à mes cotés n’il y avait pas
Ni la mer ni la lumière de ses verts
yeux

Il y avait seulement la solitude de la nuit noire
Et l’éclat des petites étoiles dans la mémoire
Moi seul parmis la mer, la lune et l’illusion
Dans mon coeur

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Amor na rede

Autor: Walter Sá

Agora é assim, tá afim?
Sim, então vamos!
Manda foto...

Não curti. Passa o tempo, passa
Gente diferente na rede, na cama,

Versátil, ativa ou passiva,
As possibilidades são sucessivas.
O coração frio e o pau na mão esperando a hora,
Que o acaso não seja todo dia.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O acaso ao acaso vem

Autor: Walter Sá

O acaso ao acaso vem,
Disse pra mim uma vez o meu bem.
O caso é saber quando e quem vai
Cruzar o caminho também.

Pra você foi assim, tratou com descaso
Nosso encontro ao acaso, não valeu um vintém

Agora, sei que teu caso não tem cura.
Você vive a procura e não encontra ninguém,
Que possa entender a sua fissura de não se entregar
A alguém, que com amor e doçura te quis tanto bem.

Resta lembrar as palavras ditas,
Aos meus ouvidos malditas
E acreditar que sua praga
Virou feitiço de fada e vai
Chegar outro alguém.

Ao acaso mais um caso tem,
Se vai partir ou ficar,
Para dar certo ou errado,
Isso a gente não sabe, meu bem.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Antes do canto do galo

Autor: Walter Sá

Antes do canto do galo alertar, que o Sol vai chegar
Despejo lágrimas em taças de solidão e apago seu vulto
Da sala de jantar

De que vale noite insone, pêndulo de relógio ecoando
Horas sem passar,
De que vale lábios calados, pulsos cortados, se você não
Vai voltar

Já é novamente manhã, visto a face da agonia.
E encaro mais uma jornada fria.
Pelo vidro da janela, vendo a paisagem
Vazia, sem jardim com flores, nem carta,
Na porta da casa, apenas o passado, a me dizer
Bom dia.