segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Vazio

Autor: Walter Sá

Vazio, vago, indo a lugar nenhum.
A encruzilhada, na estrada, só há setas, que apontam para
O nada.

Sem rota de partida ou de chegada, sigo em círculos, tentando
Morder a cauda do passado.
Faço planos de fuga para o futuro, mas dão de cara com o muro
Que ergui, sem ver, com tijolos do descaso.

Tento soltar o grito, libertar o salto, lançar-me ao acaso,
Mas a voz é rouca, a corda é curta, a força é pouca.
Entorpecido pelo tédio, invoco o ócio dos dias fatídicos e permaneço
Nessa esfera sem fim, nem começo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cena noturna


Cena Noturna
Autor: Walter Sá

No quarto insone
Sentada à beira do abismo, entre a cama e a porta aberta
Fixo olhar no infinito vão do corredor deserto e sombrio
Madrugada silêncio, pequenas porções de alívio,
Choro, solidão e lençol.
A cena noturna congela, há somente eu e a vela
Trêmula pelo fio de vento frio, que sopra pela janela,
Moldura do inverno.
O dia chega, no silêncio, escuto os ecos do riso falso do meu coração,
Enquanto, aos golpes de cutelo,
Corto dedos ágeis, que tentam libertar
Idéias pelas palavras enviesadas do pensamento.
Levanto a cabeça e dou graças ao Tempo.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O amor que me sobra

Autor: Walter Sá

O amor que me sobra é o mesmo que te incomoda.
Virou  resto na tua fala e, sem dobras na língua,
Disparastes o verbo esquecer, me deixando à míngua.
Sem poder dizer que te amo, engulo a seco, minha verborragia.

Palavra por palavra, uma a cada dia,
Gosto amargo, fruto da saudade do
Coração, que antes ardia, sem se importar com a distância,
Que entre nós havia.

Desejo que a vida, embora tardia, não seja vingativa,
Que não peças aos Céus, alguém que te veja, sem essa
Máscara fria.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Indigente conhecido

Autor: Walter Sá

Havia velas e flores
Havia cantos de louvores
No velório do amor traído

Havia riso de escárnio dos inimigos
E lágrimas de rancores dos mais amigos
Havia até desconhecidos revoltados
Com o ocorrido

Na cova o corpo caído
Aberto o peito um coração
Partido

Tristes foram os dias seguintes
E rápido o esquecimento
Do indigente conhecido

Nem lápide de cimento
Para lembrar o finado
Nem história para contar
Do amor vivido.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sem título

Autor: Walter Cunha

Sentido!
Meia volta volver!
Marche!
Sem dizer adeus
Apenas abraços sem braços
Corações rotos
Medos contidos

A despedida é sempre partida
Restam os cacos para quem vai
E quem fica

Não quero lágrimas
Nas páginas escritas com tintas de
Saudade

Que arde calada feito brasa
Cinza pó da lembrança da sua
Pele suave fala macia

Em sonhos realizo desejo tardio
Por tua boca tua nuca teu peito que
Me segura quando em jorros
Agonizo à tua procura