segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Dedos aflitos de mãos pequenas


Autor: Walter Sá

Dedos aflitos na ânsia de escrever
O que não deve ser dito
Rabiscam sinais precisos
Numa linguagem codificada em
Sucessivos delírios
São repetidos versos de amor e de saudade
Transcrevo-os como pássaros ao vento
Tornados em preces poemas
Em pragas ou xingamentos
Voam mas não alcançam seus
Sentimentos
Distante lá na terra dos sonhos embalado
Por visões serenas é quando descanso a pena
Já afogada em tinta e sem força um desejo
Apenas dizer que no Mundo não há quem te ame mais
Do que o dono destas mãos pequenas

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dê flores aos vivos



 Autor: Walter Sá

Dê flores aos vivos, estava escrito no muro.
Spray dizendo, não sejas tão duro!
Para e encara a beleza do mundo,
Olha o outro bem lá no fundo e reconheça
As fraquezas, que residem em todos,
Em brancos e pretos,
Em surdos e mudos.
Dê flores aos vivos, que a morte é certa,
Esteja seguro.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Amortecido

autor: Walter Sá


Amor tecido em fios de ilusão

Rasgou facilmente esgarçando o coração

Expondo o nervo tenso cravado espinho

Na massa cinza da razão

Suportei dores mudas

Supliquei pela cura

Mas tudo isso em vão

Nem com o tempo senhor dos mundos

Nem às chibatadas e murros

Consegui esquecer seus olhos e boca

Seus beijos e sexo

Seu cheiro de pele
Nem sob transe entorpecido ou sono profundo esqueci

Nossos corpos enroscados nosso suor noturno
Nem as horas intensas que passamos amando
sonhando caminhando

Juntos

terça-feira, 2 de julho de 2013

coração cadafalso




Autor: Walter Sá

Pela janela do quarto, vendo as faíscas dos fogos de artifícios,
Lembrei dos nossos risos soltos e dos riscos loucos, dos nossos sonhos alados.
Não valeu o esforço, o fato  está consumado, diante do abismo, que se abriu entre nós,
Nem correntes e nem os nós foram fortes para te fazer ficar ao meu lado.
Os elos se partiram e expostos ficaram meus nervos oxidados,
Eles não eram de aço.
Relembrando o passo a passo do esquecimento,
Desenho no espaço as rotas incertas, que levavam ao teu
Coração cadafalso,
Lugar frio, inseguro, onde deixei o meu enforcado,
Sem grito de amor, apenas um corpo calado.